
Quais são os efeitos colaterais quando os pais se divorciam?
Estamos em uma nova geração. Novas formas de pensar, agir, o tempo do imediatismo, da informação rápida e do mundo virtual. É também a geração do divórcio fácil. Mas, como as crianças sentem toda essa transformação em sua vida? Vamos concordar, o mundo pode ser moderno, mas as crianças são apenas crianças. A casa nunca mais será a mesma. Um dos pais não estará presente todos os dias em casa e, de repente, o contato com o pai/mãe fica distante, muitas vezes formal, senão escasso.
Por Vanessa Sapiro e Liana Kupferman
Em muitas situações, as brigas do casal que antes eram só em casa mudam de lugar, agora
estão do lado de fora, por telefone, durante os curtos e temidos contatos. Mas a pior maneira que
pais podem brigar é usar o filho como forma de agredir o ex-parceiro. Normalmente quando uma das partes
sente que saiu da separação em posição inferior, magoada ou traída, quer que a criança
equilibra o “placard”, como troféu, e o filho se vê no meio de um jogo de cartas, o
pais brigando pelo “coringa”. "É meu". “Não, é meu, eu vi primeiro...”
Os pais podem usar vários artifícios para conseguir ter um filho como aliado, o que hoje é conhecido
como “Alienação Parental”. Faz questão de falar mal do ex-marido, seduzir o filho
com presentes, fazendo suas exigências, tudo para ter o filho mais perto dele, não do outro, então
que ele pode se sentir o “vencedor”.
Essa “vitória” ilusória de um dos pais tem um alto preço a pagar no futuro. Sintomas de
divórcio pode se intensificar nos filhos, talvez por se sentir no meio de uma batalha na qual, todos sabem,
não há vencedores. Mesmo com os pais demonstrando maturidade para enfrentar a situação e
máximo cuidado para preparar os filhos para a separação, em algum momento os filhos enfrentarão
perguntas, aquelas que muitas vezes prefere deixar de lado. Para fazer esse sofrimento
mais fácil, é bom prestar atenção ao comportamento da criança; atenção e cuidado dos pais,
amigos e familiares ajudam no seu desenvolvimento saudável. Várias pesquisas apontam para sintomas em
que devemos prestar atenção: a falta de sono e apetite; agitação, irritabilidade, social
isolamento, além de afetar o desempenho escolar.
Por isso, algumas aptidões dos pais ajudam muito nessa nova adaptação dos filhos:
-Tenha paciência
-Deixe seu filho expressar seus sentimentos, converse com ele, faça com que ele se sinta seguro ao seu lado.
-Promover o contato com o ex-parceiro e seus pais, como avós, tios, primos.
-Fale com a escola – deixe-os cientes da situação, sem fazer uma cena sobre isso
sujeito.
-Procure manter ou não alternar a rotina, quanto às atividades e horários. A menos que a criança
exige isso.
-Evite brigar com seu ex-cônjuge na frente de seu filho.
-Não use a criança como mensageiro para seu ex-parceiro – nem para enviar/receber mensagens
e também para usá-lo como um espião.
-Tente não se sentir ameaçado se seu ex-cônjuge constituir uma nova relação, seu lugar de
pai/mãe nunca será substituído. Não deixe seu filho se sentir culpado por gostar do novo
parceiro; será bom para todos viverem em harmonia.
-Se você perceber que está sendo difícil para seu filho passar por esse momento, psicoterapia
pode ajudá-lo e também orientar a família nessas questões.
Podemos perceber que a separação, além de dolorosa para o casal, representa a ruptura
de uma família, sentimentos e planos não alcançados, sonhos não alcançados; para o filho, pode
será muito difícil aceitar e se adaptar a essa nova etapa.
Assim, ao decidir pela separação veja se realmente não há outra alternativa. Pense, reflita, fale
Com seu parceiro. A separação não é fácil de fazer quando você tem filhos. Mas saiba que o
a separação será do casal e não do dever de ser pai. Será sempre o
pai/mãe de seus filhos. Portanto, não há separação definitiva, assim como a separação
não resolver todos os seus problemas. Mas, se optar pela separação, prepare-se para enfrentar alguns
obstáculos e fazer dele um ponto final nos conflitos do casal e não o início de novas
problemas.
As pessoas falam que se a gente ler a receita do remédio, não vai tomar. Mas eu sei
muitas pessoas que estão cientes disso e por isso não os lêem. Ser informado,
preparado e seguro sobre o caminho a seguir. Este texto teve esse objetivo. As crianças vão agradecer.
Vanessa Kamkhaji Sapiro é Psicóloga e Psicoterapeuta de Crianças e Especialista em Curtas
Psicoterapia pela USG-HG.
Liana Kupferman é Psicóloga Clínica de Família, Infantil e Adulto e Especialista Graduada em
Família e Casal pela PUC-SP.
O artigo foi publicado na Revista "EduJudaica" (Educação Judaica) - Brasil, Jun 2011
O artigo foi traduzido por Marko Petek. Veja o artigo original em português aqui.



